segunda-feira, 4 de novembro de 2019

CIRCO FUSCA AZUL

Eu já fui dono de um Circo. Falando a verdade, de meio Circo. A outra metade era do bonequeiro de primeira, amante da arte circense Afonso Miguel. Falando mais a verdade ainda, ele só me convidou para ser sócio do Circo porque estava de olho no meu famoso fusca azul, conversível, sendo eu, de quebra, o motorista, guarda costa, bilheteiro, jacaré, pagador das contas, comida, bebida, mulheres, resumindo, mão de obra barata. Mesmo assim, topei na hora.
No meu fusca azul, tendo como teto uma tenda improvisada como capota, andamos por todo o Piauí, em apresentações memoráveis. O dinheiro, pagamento dos ingressos, vinha em diversas formas: galinha, pato, saco de leite, milho, feijão, arroz, manga, cajá, caju, pitomba, goiaba, mamão, inclusive umas calcinhas fora do contexto.
Dia triste da minha vida, quando recebi a notícia do desencarne do meu amigo Afonso Miguel, que sofreu duas paradas cardíacas em decorrência de uma infecção após a colocação de uma prótese para voltar a andar. Foi levado às pressas ao hospital do Bairro Monte Castelo, na zona Sul de Teresina, mas não resistiu e veio a óbito, a 22 de abril de 2019, dois dias após o desencarne de minha mãe Maria do Socorro Fagundes dos Santos. O velório foi no Teatro Sulica, na Secretaria da Cultura do Piauí - Secult, na Praça Marechal Deodoro, ao lado da Prefeitura de Teresina; Não tive coragem de ir. Nem ao
 enterro.
Grande profissional, o Afonso Miguel. Vou sentir saudade das nossas aventuras.
(Arte, do genial cartunista Pernambucano, de Recife, Carlos Araújo)

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