sexta-feira, 1 de dezembro de 2017
Ramsés Ramos
Kenard Kruel Fagundes · Meu lendário fusca azul, conversível, ferrolho de portão, poderia ser inconveniente no período de chuva, se os passageiros não fossem todos loucos como o poeta e músico Ramsés Ramos, de saudosa memória. Este, o mais louco de todos. Como diz Torquato Neto: cada louco é um Exército. Um dia, ele, o comandante Ramsés Ramos, raptou o fusca azul e levou para o Mercado do Mafuá, em Teresina, onde, com a cumplicidade do parceiro dele, o artista plástico Cicero Manoel, dono do Espaço Cultural São Francisco, o menor do mundo, botou poemas por todo o corpo do fusca azul. Ficou lindo, divino, maravilhoso. Ramsés Ramos, pianista internacional, adorava sair pelas ruas de Teresina, no fusca azul, principalmente quando chovia. - "Kenard Kruel, não se atrase, eu tenho que tocar no Theatro 4 de Setembro, e já estou de sombrinha em punho, esperando por você e, claro, o fusca azul na porta de minha residência". E lá ia eu buscá-lo para levá-lo para o Theatro 4 de Setembro e outros espaços de apresentação, com ele, vibrando, de sombrinha, em punho, pelas ruas da cidade, com menos ou mais chuva. Não se importava de chegar molhado. Na bolsa de trabalho, uma muda de roupa, sequinha, o esperava, para a ida e para a vinda, quando chegava em sua residência. Dona Arminda, como toda boa mãe, morreria se visse o amado filho chegando molhado que nem galo que acompanha pato, no dizer do delegado Jorginho (sim, eu posso chamá-lo de Jorginho, Renata Pitta, pois joguei peteca com ele, tomei banho de rios Poti e Parnaíba com ele e comi muita mãe de vaca com ele na Maria Tabaco de Sola, no Mafuá), para os não íntimos Dr. Jorge (agora, com canudo e tudo de Direito). Bons temos, do fusca azul. Fiquem de tocaia, que novas histórias irão ser contadas, com ajuda do Carlos Araújo, este artista genial pernambucano, de Recife. Com fé, esperança e amor.
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